No chinês o que é mais difícil para os brasileiros?

     Chinês e português são línguas bem diferentes, mas até que ponto isso se torna uma dificuldade? Há quem diga que mandarim é uma língua  difícil demais e que escrever os ideogramas chineses parece quase impossível.

     Quando paramos para analisar, realmente encontramos muitas diferenças entre o português e o chinês: a escrita, a estrutura das frases, os diversos dialetos, as regras gramaticais, entre outras. Porém, é importante entender que a língua portuguesa é mais difícil do que parece e a chinesa não é tão assustadora assim.

ORIGEM DOS IDIOMAS

     O idioma português é derivado de várias “misturas” linguísticas. Principalmente aqui no Brasil, é possível identificar diversas referências de outros idiomas. Parando para analisar, o falante de português pode ser compreendido por outros idiomas similares como os italianos e espanhóis. Isso ocorre porque tiveram origens semelhantes: são consideradas línguas românicas. Ou seja, se originaram (em grande parte) do latim.

     Existem vários estudos procurando uma forma de decifrar se, em algum momento da existência humana, existiu uma “língua mãe”. Um só idioma que foi se dividindo e originando outros idiomas. Segundo especialistas: sim, existiu. Foi chamado de idioma proto-indo-europeu, tendo a Ásia e a Europa como “terra natal” cerca de 6 mil anos atrás – a pronúncia, segundo os achados dos cientistas, seria essa:

     Quando entendemos as origens dos idiomas, fica mais simples identificar padrões em certos grupos de línguas (como espanhol e português, por exemplo). E, apesar de possuir diversos dialetos e sua escrita ser ideogramática, o chinês possui semelhanças com a língua inglesa. Isso acontece porque a estrutura das frases é bem parecida.

ESTRUTURAS DIFERENTES

     No Brasil, encontramos muitas dificuldades com línguas que usam a estrutura diferente da nossa, como chinês e inglês. Por isso, essa diferença da ordem das palavras pode confundir e, como qualquer outra língua, precisa de muita prática e imersão para se familiarizar.

     Se no Brasil dizemos “eu vou na casa da minha mãe”, em chinês ficaria “eu vou minha mãe casa”. Essa troca na ordem das palavras se dá pelo chinês usar “minha mãe casa” (sujeito + o que pertence ao sujeito), ao invés da forma como é falado no português “casa da minha mãe” (o que pertence ao sujeito + sujeito).

FONÉTICA, TONS E IDEOGRAMAS

     Outra dificuldade muito comum é a fonética. Assim, a entonação nas palavras é muito importante no mandarim por ter um grande papel na diferenciação dos significados. Um exemplo que a Lin 老師 (chinês tradicional: lǎoshī – professora) costuma citar bastante é a palavra ma que, dependendo do tom, pode significar mãe (妈 – mā), anestesia (麻 – má), cavalo (马 – mǎ), xingar (骂 – mà), ou o indicativo de pergunta em chinês (吗 – ma).

     Essa “estranheza” pelo idioma também está muito ligada aos ideogramas. A escrita chinesa (tradicional ou simplificada) pode assustar os brasileiros por dois fatores importantes:

1. Ideogramas diferentes podem ter o mesmo som. Ou seja, não existe uma regra específica que ligue palavras romanizadas (da forma como se é escrito no ocidente) dos ideogramas chineses. Entretanto, existem algumas constantes na própria língua como radicais que se repetem em ideogramas com significados originados de algo similar.

Podemos usar mar (海 – hǎi), lago (湖 – hú) e sede (渴 – kě), por exemplo. As três palavras possuem o radical de água, que seriam esses três “tracinhos” no lado esquerdo de cada ideograma ( 氵). Mas isso a Lin 老師 explica bem direitinho aqui nesse vídeo.

2. A complexidade de “decorar” cada ideograma. Nesse caso, a prática é a solução mais eficaz. Existem diversos métodos para aprender a diferenciar os ideogramas, reconhecer seus radicais e entender seu significado, mas a prática realmente é o que fixa e facilita a aprendizagem. Você pode criar listas ou uma gramática das palavras que você mais usa e, assim, ir adicionando ideogramas novos (quem está atento nos stories da Lin 老師 já sabe dessa dica).

PALAVRAS E SIGNIFICADOS

     Apesar das diferenças, o chinês é uma língua muito direta e bonita. A maioria das palavras contém significados simbólicos. Isto é, que a palavra usada para se referir à enfermeira (护士 – hùshì), por exemplo, em chinês é a junção de proteger/cuidar (护 – hù) + treinado/estudioso (士 – shì). Então é possível entender que uma enfermeira é aquela que é treinada para cuidar.

     No português, temos algo parecido: a etimologia das palavras. Ou seja, quando separamos uma palavra e descobrimos a origem de cada parte (ex.: geografia é composta pelos radicais “geo”, que significa terra + “grafia”, que vem de descrição).

     Percebe-se, então, que, apesar de serem idiomas completamente diferentes, ambos possuem suas partes fáceis e as partes mais complicadas. A boa notícia? Chinês não flexiona verbo!

     Isso mesmo! Isso o difere até mesmo do inglês que possui algumas flexões (como o acréscimo de -ing para indicar que está fazendo algo no tempo presente).

     É possível montar várias frases usando somente o sujeito, verbo e um objeto. Quando dizemos “eu amo o cachorro” e “você ama o cachorro”, o verbo “amor” precisa ser modificado para encaixar com o sujeito “eu” ou “você”. Todavia, já em chinês, podemos escrever, por exemplo, “我爱狗” (wǒ ài gǒu) para eu amo o cachorro, e “你爱狗” (nǐ ài gǒu) pra você ama o cachorro. Nesse exemplo, o verbo “amar” (爱 – ài) permanece o mesmo em ambas as frases. Por isso, se for traduzir literalmente (sem flexionar o verbo “amar”) ficaria “eu amar cachorro” ou “você amar cachorro”.

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