Altos e baixos: a revolução econômica na China

A economia na China é considerada a segunda maior na potência mundial, logo após os Estados Unidos, e isso não é à toa!

De forma simples, é possível dizer que a economia na China tem todas as ferramentas funcionando a seu favor: população consumidora grande, muita mão de obra barata, matéria prima local e diversos negócios internacionais. O mais impressionante é que tudo isso começou há relativamente pouco tempo atrás.

DE MAIOR POTÊNCIA À EXTREMA POBREZA

China na década de 1960
China na década de 1960 (Reprodução/publico.pt/BETTMANN-CORBIS)
A economia na China se concentrou muito na agricultura desde o início dos tempos, mas é importante notar que a China foi (e ainda é) referência em diversos avanços de diferentes áreas do conhecimento. Pólvora, bússola e tipografia são apenas alguns exemplos de inovações criadas no país. A produção de seda e a qualidade da cerâmica local também têm reconhecimento ao redor do mundo.

O país era considerado umas das maiores potências mundiais, entretanto, ao final do século XVIII e principalmente durante o século XIX, houve um declínio muito grande na economia. Isso ocorreu devido a questões envolvendo situações políticas instáveis relacionadas a interferências estrangeiras e a Guerra do Ópio (a primeira em 1840 e a segunda entre 1856 e 1860).<

O país passou por questões sensíveis como fome e pobreza extrema e foi durante essa época que o povo se uniu para exigir que a China se tornasse uma república (derrubando a Dinastia Qing). O primeiro presidente chinês Sun Yat-sen assumiu o poder em 1912. Deste período até 1927, as divisões entre nacionalistas e comunistas se tornaram mais definitivas.

A REVOLUÇÃO CULTURAL

Propaganda de Mao Tsé-Tung em 1966
Propaganda de Mao Tsé-Tung em 1966
(Reprodução/brasilescola.uol)

Desde que Mao Tsé-Tung assumiu o poder político em 1949, o país passou a ser oficialmente chamado de República Popular da China. Isso ocorreu devido a Guerra Civil Chinesa, entre nacionalistas e comunistas, iniciada em 1927.

Com Mao Tsé-Tung no poder, a China começou a seguir o modelo econômico socialista, tendo a forma soviética de estatização dos meios de produção, o desenvolvimento industrial e aspectos socioeconômicos e políticos gerenciados pelo Estado. Isso significa que o governo mediava os meios de produção e tudo que os envolvem (desde agricultura até planejamento administrativo centralizado).

Assim, com essa forma de economia, a China começou a ter uma base industrial, porém a tática desenvolvida por Mao em 1952, chamada de Grande Salto Para Frente, fracassou. Por isso, o fato levou grande parte da população à extrema pobreza e Mao Tsé-Tung saiu do poder.


A liderança de Mao estabeleceu o período conhecido como Revolução Cultural na tentativa de retomar o controle sobre o país contando com seguidores que seguiam o livro vermelho de Mao Tsé-Tung, formando as milícias Guardas Vermelhas que eram incentivados a perseguir todos aqueles contra as doutrinas de Mao.

     Por isso, todos os artefatos culturais passaram a ser obrigados a transmitirem o governo de Mao Tsé-Tung como positivo e revolucionário, o que afetou a cultura do país por não serem permitidos retratar qualquer cenário que tiram o valor da grandiosidade do ex-governante. Entretanto, em 1976, com o falecimento de Mao, as Guardas Vermelhas perderam o principal suporte político, causando uma mudança no governo do país.

DÉCADA DE 70 E A ECONOMIA NA CHINA

Mao e Nixon se encontram em 1972
Mao e Nixon se encontram em 1972
(Reprodução/Getty Images/BBC)

Praticamente duas décadas após o início do governo de Mao Tsé-Tung (1949-1976), houveram grandes mudanças econômicas na China. A princípio, em 1978, Deng Xiao Ping assume o poder e implementa a ampla abertura de mercado, trazendo empresas estrangeiras para produzirem e comercializarem no país.

A década de 70 foi um período de muitas decisões importantes para a economia na China. Assim, foi em 1972 que as relações internacionais passaram a evoluir economicamente quando o então presidente, Richard Nixon se reuniu com Mao Tsé-Tung e formaram uma aliança excluindo a União Soviética (URSS). Porém, a queda de Mao abalou a aliança em 1959 e só melhorou quando Deng Xiao Ping assumiu o poder.

Em termos técnicos, entretanto, o governo de Deng Xiao Ping rendeu crescimentos de, em média, 10% do PIB (Produto Interno Bruto) da China ao ano (sendo que a média anterior era de cerca de 3,7% ao ano entre 1960 e 1977). Isso fez com que a taxa de extrema pobreza no país diminuísse em torno de 82,04% até 2002 (de 490 milhões de pessoas para 88 milhões de pessoas).

Todavia, outro ponto importante de destacar é a urbanização. O país contava com uma população urbana de 18% em 1978 e chegou a 44% em meados de 2006. Ou seja, isso indica um crescimento muito grande em mão de obra, já que a urbanização tirou o foco da agricultura.

RELACIONAMENTO INTERNACIONAL

     Com Deng Xiaoping no poder, o amplo comércio passou a existir, então o relacionamento da China com os outros países melhorou muito. Até 1978, o país não tinha um bom relacionamento com o exterior por causa do posicionamento político chinês e por questões relacionadas à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra Sino-Japonesa (1937-1945).
Assim, o líder chinês se ocupou em melhorar o relacionamento da República Popular da China globalmente (inclusive “fazendo as pazes” com o Japão). Principalmente por visar as possibilidades comerciais/econômicas que esses relacionamentos poderiam trazer.

A China estabeleceu normas para os países economicamente envolvidos. É possível citar a exigência de Deng para que as empresas internacionais comercializassem somente em território chinês caso os produtos fossem produzidos em fábricas chinesas, por exemplo. Isso era uma forma de garantir que, mesmo que as empresas fossem de diferentes países, a China ainda conseguisse obter parte nos lucros.

VANTAGENS E CRESCIMENTO

(Reprodução/Timur Garifov on Unsplash)

Apesar de regras como as citadas terem sido estabelecidas, a China ainda era vista como uma ótima oportunidade de negócio. Dentre vários motivos, pela população ser tão extensa (mais de 1 bilhão de habitantes), a mão de obra se tornava muito barata e o público consumidor pode ser considerado muito alto. É como se você tivesse a chance de fazer uma live em uma rede social para um público de mais de um bilhão de espectadores. As chances de vendas são muito altas.

Por fim, outro fator que ajudou muito na decisão de grandes empresas em investir no comércio em território chinês, foram os impostos baixos (quase metade do valor, se comparado com outros países). Também é possível citar a grande disposição de matéria-prima como carvão mineral, zinco e urânio, devido às diversas reservas minerais da região. Atualmente, a China continua sendo uma potência econômica em ascensão, se destacando em áreas como siderurgia, minério, pecuária e agricultura.

Compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp