Budismo: história, cultura e religião

A cultura na China é bem singular e reconhecida mundialmente. Assim, qualquer pessoa consegue reconhecer com certa facilidade elementos “clássicos” da cultura. Como, por exemplo, a cor vermelho vivo, a arquitetura dos templos chineses, os dragões como símbolos e as estátuas do buda chinês. É importante, então, entender que a religião é o que deu forma para boa parte desses elementos.

Atualmente o país se divide entre budistas, confucionistas e taoistas. Essa diversidade religiosa, claro, se estende dentre as religiões católicas, porém, essas, em menor número. Para se ter noção de como essas três religiões são predominantes, existe um ditado popular chinês que diz: “Todo chinês é taoista em casa, confucionista na rua e budista na hora da morte”.

Em primeiro lugar, budismo surgiu por volta de 4 a.C na Índia como fruto de mensagens e orientações para a iluminação dos caminhos. Porém, só chegou à China durante o reinado do Imperador Ming da dinastia Han do leste, entre 25 e 220 d.C. Assim, hoje são mais de 5 mil templos e monastérios e mais de 40 mil monges chineses.

CONFUCIONISMO

Estátua de Confúcio
Estátua de Confúcio (por Denise Bossarte/Unsplash)

Durante a dinastia Han(206 a.C até 220 d.C), o confucionismo era extremamente predominante na China, a princípio. Por isso, houveram certas discordâncias entre confucionistas e budistas a princípio. Primeiro é importante, então, entender o que era o confucionismo.

 

Confúcio (551-479 a.C) foi, primordialmente, um filósofo e professor chinês que pregava seus pensamentos sobre ética, bom comportamento e caráter moral. Dessa maneira, seus ensinamentos foram registrados em livros por seus vários discípulos ao longo dos anos. Assim, sendo a obra com mais destaque o livro “论语” (lúnyǔ – analectos), uma coletânea de textos, diálogos e anedotas, um conjunto de ensinamentos e normas de comportamento baseados nos ensinamentos e vivências de Confúcio.

Celebração do Dia de Confúcio em Taiwan
Celebração do Dia de Confúcio em Taiwan (por Bird Liang/Unsplash)

A religião foca principalmente no “não fazer com os outros aquilo que não quer que façam a você mesmo”. Em outras palavras, está relacionado com o bom caráter moral e a harmonia cósmica, ou seja, a importância de se ter um bom caráter moral para manter o equilíbrio entre tudo que está ao redor. Se o dono da fazenda, por exemplo, tem um caráter moral excepcional, então seu negócio prosperará.

A CHEGADA DO BUDISMO NA CHINA

Estátua Buddha
Estátua Buddha (por Manuel Cosentino/Unsplash)

Com a China majoritariamente seguindo o confucionismo durante a dinastia Han, é compreensível que as demais religiões talvez não fossem “um sucesso” de primeira. O budismo chegou no país há cerca de 2.000 anos atrás, na metade da dinastia Han.

Entendendo que o confucionismo se trata de normas de comportamento moral em que tudo que você faz define a harmonia das coisas que acontece ao seu redor, é fácil perceber que entraria em certa desconfiança com o budismo que enfatiza a entrada da vida monástica em busca do além, ou seja, da iluminação ou do superior. Entretanto, o budismo ganhou seu espaço ao longo dos séculos.

Existe a clareza de que o budismo muito provavelmente foi trazido de forma oficial para a China através dos comerciantes da Rota da Seda no século 1 d.C, trazendo o budismo da Índia. A Rota da Seda foi um trajeto estabelecido há cerca de 2000 anos atrás quando a relação entre a Europa e a Ásia era muito movimentada. Foi desenvolvida para facilitar o comércio entre os países da Europa e da Ásia, no que resultou na grande circulação de comerciantes entre os dois continentes.

No século 2 d.C, o monge Lokaksema foi um dos responsáveis por traduzir os sutras Mahayana Budista para o Chinês. Isso acabou acelerando o contato dos chineses com a religião, fazendo com que os templos budistas se multiplicassem assim como seus seguidores. A partir daí o budismo passou a se tornar parte primordial no cenário chines.

BUDISMO ATUALMENTE

Hoje em dia, o budismo conta com mais de 40 mil monges(jas) e mais de 5 mil templos e monastérios espalhados por toda a China. A beleza e arquitetura de muitos são reconhecidas mundialmente, sendo consideradas até mesmo as joias mais antigas da arte chinesa.

Estátua Buda Sorridente/Budai
Estátua Buda Sorridente/Budai (por awesomecontent/freepik)

Talvez a imagem do Budai, o Buda Sorridente, seja a primeira que vem à sua cabeça quando pensa na imagem de Buda: um homem gordo e feliz, sentado com as pernas cruzadas. Esse é o Buda chinês. A princípio, na Índia, a imagem de Buda era tida como de um homem muito magro e sereno, devido à ter alcançado a iluminação através do jejum. Porém, os chineses preferem retratar Buda como uma figura de otimismo, tendo como mensagem passada: seja feliz.

A imagem de Budai, assim como boa parte da arquitetura tradicional chinesa, são grandes marcos da arte chinesa. A compreensão de que a religião budista influencia diretamente na cultura local e na vivência dos chineses não é novidade. Entretanto, é importante exaltar e notar como cada detalhe das artes do país costumam ter influência do budismo.

 

Uma curiosidade é que existe a 中国 佛教 协会 (Zhōngguó Fójiào Xiéhuì – Associação Budista da China), localizada no Templo de Guangji, em Pequim, que é uma associação criada em 1953 responsável pela mediação entre os budistas e o governo chinês. Também é responsável pelo incentivo aos monges em levar a cultura internacionalmente e garante que os budistas sigam com as normas governamentais.

Festival de Lanternas
Festival de Lanternas (por Henry & Co./Unsplash)

Hoje, a China conta com a maior população budista no mundo! Sendo a forma de budismo predominante chinês o Mahayana, o qual acredita na possibilidade de alcançar a iluminação ao longo da vida.

 

Existem diversos festivais celebrados relacionados a religião que permitem com que a paisagem chinesa fique ainda mais viva, colorida e enfeitada como o Festival das Lanternas, criado pelo Imperador Han Mingdi ao relacionar as lanternas acesas pela China como uma forma de mostrar respeito à Buda.

BUDISMO NO BRASIL

Templo budista Kadampa em Cabreúva, São Paulo
Templo Kadampa em Cabreúva, São Paulo (Reprodução/budismokadampa.org.br)

O budismo também chegou em terras brasileiras. Isso foi há mais de um século atrás, com os primeiros imigrantes japoneses. Atualmente, existem vários templos budistas brasileiros e a religião só cresce. Alguns desses templos são bastante reconhecidos e abertos para visitação.

No interior de São Paulo, por exemplo, existe o Templo Kadampa, considerado um dos mais bonitos do Brasil, repleto de jardins e praças usadas para meditação. São Paulo também conta com o Templo Zulai, mais conhecido entre os paulistanos. No Rio Grande do Sul, o Templo Gonpa Khadro Ling é o único templo tibetano na América do Sul e também um ponto muito popular para visitação. O estado Espírito Santo guarda o Templo Morro da Vargem, localizado em meio à Mata Atlântica e mostra a maravilhosa experiência budista do local, contando com palestras, meditações e atividades abertas ao público.

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