Escolaridade na China: de onde veio e como funciona

Com mais de 90% da população alfabetizada, a educação na China é mais que o ensino, é uma forma política.

(Reprodução MChe Lee/Unsplash)

QUEDA NA POLÍTICA E NA EDUCAÇÃO

Desde a época dos impérios chineses, a China era reconhecida economicamente. A princípio, devido à agricultura local abundante e expansiva.

 

Entretanto, a queda na economia ao final do século XVIII e principalmente durante o século XIX, trouxe reformas e reflexões referentes a diferentes áreas do país. Entre elas, a educação teve papel fundamental no processo de ascensão chinesa.

 

Desde a década de 1920 até 1949 com a criação da República Popular Chinesa, a China chegou ao seu ponto mais baixo de escolarização, cerca de 80% da população acima de 15 anos não sabia ler ou escrever.

 

Previamente ao governo de Mao Tsé-Tung, o índice de matriculados no ensino fundamental era de menos de 20% da população, para o ensino médio, apenas cerca de 6%.

MAO TSÉ-TUNG E A EDUCAÇÃO SOVIÉTICA

Forbidden City, Beijing, China
Forbidden City, Beijing, China por Camillo Corsetti Antonini/Unsplash

Com Mao Tsé-Tung assumindo o poder em 1949, a educação se desenvolveu até certo ponto e o índice de analfabetismo diminuiu para cerca de 22%. O então líder governamental do Partido Comunista Chinês declarou: “A restauração e desenvolvimento da educação do povo é uma das mais importantes tarefas no momento”.

 

Durante o governo de Mao, ou durante o Maoísmo, o formato de educação prevalente na China era o utilizado e criado pela União Soviética. A modalidade foi, de certa forma, eficiente e durou até depois da década de 1960, quando a China desenvolveu e implementou seu próprio modelo de educação.

TIPOS DE ENSINO NA CHINA

Imagem: Jerry Wang/Unsplash

Com o investimento no ensino e o desenvolvimento do próprio modelo educacional, a China moldava seus passos para ser uma das maiores referências em sistemas de educação no mundo. Deng Xiaoping, líder do governo chinês de 1978 até 2019, foi responsável por boa parte da reestruturação que levou ao modelo educacional utilizado atualmente.

 

A estrutura dos tipos de ensinos são bem parecidas com os usados no Brasil: pré-escola, ensino primário, ensino secundário e ensino superior. Podendo iniciar os estudos na pré-escola desde os três anos de idade e visando erradicar o analfabetismo no país, a China requer a obrigatoriedade de, pelo menos, nove anos de estudo.

 

PRÉ-ESCOLA: a partir dos 3 anos de idade.

ENSINO PRIMÁRIO: dos 6 aos 12 anos de idade (6 anos de duração).

ENSINO SECUNDÁRIO: Dividido em júnior (3 anos de duração) e secundário sênior (3 anos de duração e é comparável com o ensino médio brasileiro), vai de 12 aos 18 anos.

ALFABETIZAÇÃO

Devido ao período mínimo de escolarização na China ser de nove anos, mesmo que o estudante comece na pré-escola, obrigatoriamente só terá permissão para “trancar” seus estudos após finalizar o ENSINO PRIMÁRIO. Ou seja, quando completar, pelo menos, 12 anos de idade.

 

Essa “regra” não é à toa. O governo chinês pretende erradicar o número de pessoas analfabetas acima dos 15 anos. Essa idade é levada em consideração para o levantamento dos índices referentes à educação, por exemplo, em métricas usadas pela CIA (Central Intelligence Agency) ou ONU (Organização das Nações Unidas).

 

EDUCAÇÃO PRIVADA E GRATUITA

Em primeiro lugar, para se ter uma “obrigatoriedade” é necessário fornecer um meio acessível para todos. Se a China exige nove anos de educação, então o país necessita disponibilizar 9 anos de escolaridade para os nativos. Assim, dos 6 aos 15 anos a educação é completamente gratuita.

 

Como é possível ingressar na escola desde os 3 anos de idade, principalmente por não ser uma parte “obrigatória” da educação, a maioria das creches/pré-escolas são particulares. O mesmo vale para o ensino “médio” chinês (secundário sênior), que vai dos 15 aos 18 anos de idade.

ENSINO MÉDIO E O ENEM CHINÊS

Assim como o ensino médio técnico no Brasil, a China possui diversas modalidades do ensino médio (secundário sênior). Dentre elas, é possível citar o técnico, para adultos, profissionalizante, e a chamada “escola de artesanato”.

 

O sistema educacional chinês ainda conta com uma espécie de “Exame Nacional do Ensino Médio” (ENEM), só que esse não é usado para ingressar em alguma Universidade. Nesse caso, a prova nacional é usada para segregar os alunos dentre as escolas focadas no ensino secundário sênior, como uma forma de “exame admissional”: o 中考 (zhōngkǎo).

 

CURIOSIDADE: o verdadeiro “ENEM chinês” (o exame admissional para instituições de ensino superior) se chama 高考 (gāokǎo – exame de vestibular)

EVOLUÇÃO CONSTANTE

Destaque em exames como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o sistema educacional chinês é referência global. Tanto que o número de intercâmbios para a China, por exemplo, já chegou a meio milhão de estudantes por ano.

Na educação, a estrutura chinesa se destaca no rigor e na cultura dos nativos de temerem a ignorância. Dois elementos muito fortes no incentivo geral da população aos estudos.

Compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp